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Salvante I - Poesia Viva
AUTORES
2019

 

ALTIVO OVANDO JUNIOR.png

ALTIVO OVANDO JÚNIOR, 60 anos é brasileiro, paulistano, arquiteto-advogado, casado, pai, escritor amador, mestre em Ciências e Humanidades pela Universidade de São Paulo, doutorando em Humanidades pela mesma Universidade, professor universitário, ex-administrador público em Prefeituras e Governo do Estado.

@altivo.vivo

INTER-URBANO

 

Penso, penso muito.

É cedo. Avenida Paulista.

         Centro nervoso

da urbe nervosa.

Urbano, ser urbano, humano.

Ser-tão urbano

Sou, assim.

Gosto de gostar

         gosto de amar

gosto da Paulista.

Amor Paulista.

As chuvas, os belos, o glamour

desses prédios.

E aqui estou, a olhá-los do alto

E aqui estou, em pouca

Intimidade

Só em minha intimidade, e com você

Sim, você está aqui

E me iludo gostosamente que estou aí

Seu sorriso é lindo, até por telefone.

         Como há pouco ouvi, na calçada da Paulista

Seu corpo com as formas que sempre gostei

Sua pele deliciosa e delicada

Falta... falta, sempre falta algo para um louco  buscador de sonhos.

ANA CAMARGO.png

Trecho de LINHA TÊNUE

 

Se fôssemos co-criadores de nossa realidade, tudo o que acontece ao longo de nossa jornada seriam consequências e não coincidências.  Tendo consciência de todas estas coisas, teríamos poder para arquitetar nosso futuro, mas é pouco provável que o ser humano esteja evoluído o suficiente para lidar com esse tema. Há muitas questões éticas e morais a serem avaliadas e julgadas. O fato é que nem sempre é possível decodificar a nossa existência. O acaso existe e as coincidências dependem de algo que ainda não sabemos. Trata-se de um conceito bastante complexo, de acordo com o qual não há interpretações efetivadas. Cabe a nós apenas aceitar e tentar nos ajustar às variações e sobressaltos do Universo.

ANA CAMARGO é formada em Administração de Empresas, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Exterior. Também possui especialização em Arte Sacra e formação em sommelier. Já participou de diversas antologias. Amante das óperas, das artes e literatura. Membro da Academia Contemporânea de Letras (ACL).

@ana.camargo_sp.br    e    @exmmerum

ANDRÉ COELHAS.png

OCEANO

Naveguei os sete mares

Com as ondas do sentimento,

No vaivém do tempo

Guardei segredos seculares.

 

Contei nas ondas

As inúmeras paixões

Dos romances saxões,

Naufraguei saudades profundas.

 

Em marés altas e baixas

Despachei com a ressaca,

A tristeza velhaca

Ancorando minhas queixas.

 

Andei sobre as águas

Com quimeras e nostalgias

Profetizei liturgias,

Eliminei minhas mágoas.

ANDRÉ LUIS AGUIAR COELHAS, poeta, compositor, artesão, funcionário público, nasceu no município de Osasco (SP), em 26 de março de 1971. Amante da arte e após a perda de seu pai, dedicou-se com mais ênfase às poesias. Casou-se com Emanuelle, com quem tem duas lindas filhas: Isabelle e Maria Luiza.

@andrecoelhas

ANGEL FORNINO.png
carlos borsa.png

ANGEL FORNINO: nascida em 1960 é paulistana, poetisa. Graduada em Enfermagem exerceu a profissão por uma década. Atualmente, é professora de Kung-Fu, arte à qual se dedica há vinte anos. Escreve desde os 15 anos por gosto.

 CARLOS BORSA: nascido em 1980 é paulistano e artista plástico. Contemplado com vários prêmios, esteve presente em diversas galerias com exposições individuais e coletivas, como Casa do Baile em Belo Horizonte, Galeria Zero, em São Paulo, Centro Britânico, Salão de Arte de Ribeirão Preto, Casa Luiz Sacilotto, em Santo André e Artivism Challenge, Exhibition, Dietl International, em New York, EUA.

 ANGEL E CARLOS mesclam a arte visual com a escrita

@angela_fornino   e  @carlosborsa

 

 COINCIDÊNCIAS

 

Em belas virtudes

espelhamos defeitos inesperados

Enxergamos a janela do mundo

O lado bom coberto de suntuosas ações

e subjetividades

Nos dias seguimos imperfeitos

Seres que têm seu merecimento na humanidade

Entristecem-se com o sofrimento

Espelham em si verdades lógicas

Assim dizem do seu semelhante

Amordaçam pensamentos

Assassinam sentimentos

Alvoroçados vivemos

tempos e mais tempos

Descobrindo nossa ignorância

Através de outros seres

Egoístas em pensar sermos exclusivos no Universo

E onipotentes diante da Natureza

Ao espaço lançamos o sonho

Das estrelas invejamos seu brilho

Vestindo com clareza a fuga

De em sonho sermos nós mesmos

C B GODOI 2.png

C. B. GODOI, CRISTIANO BORGES, nascido em Uberaba, trabalha longe da arte. Formado em Direito já tentou publicar alguns trabalhos, começou a escrever poemas por vários pontos de vista. Atualmente dedica-se ao serviço público.

cbgodoi@gmail.com

AS BAILARINAS

 

Fosforescente aquarela em vagas nuvens

Lindo vestido a sobrevoar vilas pacatas

Descem o tom grave em passos graciosos

Quietas em brilhoso casco fortificado

 

Feito a morte dançante a buscar incrédulos

Vêm das árvores mais retorcidas na bruma

Verdadeiras delícias caídas da inocência sã

Divas esperam o nascer do sol magnânimo

 

Chegam enfim coroadas de pureza infantil

Cabelos presos a borboletas multicoloridas

Sapatilhas mágicas banhadas em cristal

 

Em seus braços os mais incautos se matam

Majestosas guardiãs da luz perdida ao léu

Aplaudimos a chegada milenar da natureza.

CELSO FRANCISCO MANDARI.png

CELSO FRANCISCO MANDARI, nasceu em São Paulo em 31 de agosto de 1954, no bairro da Penha. De família humilde, cursou escolas públicas até quando começou a trabalhar com 14 anos como office boy. Com seu próprio rendimento custeou o curso antigamente chamado 2º grau em escola particular. Cursou técnico em Administração de Empresas e formou-se em Advocacia através da universidade Cidade de São Paulo, no Tatuapé. Dedicou sua vida aos trabalhos administrativos atuando hoje como diretor executivo da Fundação Instituto de Educação para Osasco, mantenedora do Centro Universitário FIEO, e atuando também em seu escritório de advocacia e contabilidade no Bairro da Penha – SP. Escreve por prazer.

@celsomandari

A CHAVE

Entrou sem bater
E não foi sem querer
Não estava trancado
Tinha lugar liberado
A chave ali estava
Sem trancar.... mas bastava
Entrou sem pedir licença
Com uma vontade imensa
Tentou desvendar os segredos
Tentou revirar meus medos
Ocupou espaços vazios
Com carinhos macios
Não quis ficar
Cansou - se do lugar
Deixou feridas a curar
Cicatrizes irão ficar
Não faça mais isso não
Não entre nesse coração
Sem ter autorização
Não deixe lamentos
Apenas bons sentimentos
Não seja cruel
Pois não cobro aluguel
Entre de mansinho
Saia devagarinho
Deixe a chave na porta
O resto não importa

CRIS ARANTES.png

FOGO

 

Fogo queima

minhas entranhas.

Derrete meu coração.

Sobe para a minha cabeça,

me enlouquece.

Aturdida grito por socorro.

Caio, levanto e caio de novo.

Não enxergo nada.

Mas vou adiante.

Demoro mas chego lá

Aonde vou me refrescar

abrandar esse fogaréu,

acalmar meus anseios,

arrancar do peito

esse punhal cravado

pela minha dor?

MARIA CRISTINA ARANTES, pedagoga, poeta, cantora, musicista, artista popular. Possui um CD gravado com poemas autorais, participou de nove antologias, publica seus poemas em revistas físicas e digitais. Posta poemas em áudios e vídeos nas redes sociais. Apresenta-se em Saraus Literários e Musicais. Distribui poemas no seu “Varal de Poemas”. Membro da Academia Contemporânea de Letras, cadeira 12, patronesse Florbela Espanca.

@cris_arantes20

CRISTIANE CAMBRIA (1).png

CRISTIANE CAMBRIA é professora, tradutora e escritora. Formada em Letras e Tradução pela Universidade Mackenzie. Pós-graduada em Relações Internacionais pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Concluíu o MBA em Geopolítica e Relações Internacionais na Universidade Paulista. Mestranda em Governança Global na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coautora e tradutora do livro Percorrendo São Paulo, publicado pela editora All Print. Uma das responsáveis pela curadoria das fotos utilizadas nas exposições do referido livro. Uma das organizadoras que homenageou o escritor Paulo Bomfim em 2015 com sucessão de eventos proferidos na “Semana Paulo Bomfim”. Traduziu e escreveu contos e poesias publicados pela Editora Matarazzo. Com frequência também participou como jurada dos concursos literários para as Coletâneas da Editora Matarazzo entre os anos de  2015 a 2017. Foi palestrante na Semana do Patrimônio em 2016. Foi membro da Oficina da Escrita Criativa em 2016. É membro da Academia de Letras Maceioense desde 2017. Também é membro e uma das fundadoras da Academia Contemporânea de Letras desde 2018. Ainda foi jurada do concurso literário Manoel de Barros organizado pela Academia Contemporânea de Letras em 2019.

@criscambria

MANHÃ DE DOMINGO

 

Seguir adiante,

Planejando o começo da semana.

Esperança no novo surge ao apreciar o sol,

Realidade ao cumprir os desígnios divinos.

 

Com a liberdade de escolha em minhas mãos,

Decido hoje ser forte e líder das minhas palavras.

Verdades ditas, palavras vividas,

Almejando paz na vida que me pertence.

 

Sabendo onde colocar os pés,

Sinto e vejo a grama verde, flores, pássaros voando,

E em um lapso de memória,

Relembro do trabalho de amanhã, hoje e sempre.

 

Tristeza ao ressoar na memória da vida

A saudade do pouco tempo para apreciar a natureza.

Ah, a natureza,

Tão necessária, porém temo pela sua escassez,

Pois o que é realmente belo e preciso aos nossos olhos,

Não tem o seu devido valor.

DEOBALDO BARBOSA DA SILVA.png

DEOBALDO BARBOSA DA SILVA, nascido em Aracaju-SE, é teólogo, escritor e poeta. É bacharel em Teologia pelo Instituto Betel de Ensino Superior convalidada na Universidade Claretiano, onde cursa a segunda graduação de licenciatura em História.  Sobre literatura cristã escreveu três livros: O Bom Pastor, A conversão do Apóstolo Paulo e sua missão, Conversão, uma experiência, um chamado e uma escolha. Na poesia publicou: Legado poético, Legado de poesias, contos e crônicas. Participou da feira literária de Santo André na FELISA poética com: O tempo o Vento. Em coletâneas da Editora Coopacesso com a poesia TER ou SER e em Prosas Urbanas com a crônica O Brasil não conhece o Brazil. Participa de saraus no Centro Cultural do Taboão, em São Bernardo do Campo.

@deobaldobarbosadasilva

Trecho de A ÁRVORE FRUTÍFERA

 

 Descendo a ladeira avistei um pé de laranja lima plantado junto ao meio fio em uma rua asfaltada. Do lado direito uma creche, e ao lado esquerdo da árvore havia apenas um muro bem alto e uma escada mais ou menos no meio, com degraus que levavam à rua de baixo, uma rua sem saída. O único acesso para a avenida principal daquele bairro em São Bernardo do Campo era uma rua de esquina e do lado esquerdo havia uma agência do banco Itaú, por isso flanelinhas se revezavam naquele pedaço de rua,  com apenas 30 metros de cumprimento, em busca de suas gorjetas.

Pareciam ser robustas, porque quem ali fazia ponto entre os que pediam para tomar conta dos carros não eram somente adolescentes, mas adultos de meia idade entre 35 a 55 anos, inclusive uma senhora negra, aparentando ter seus 50 anos. Parei um instante para refletir. Sentei nos degraus em frente ao banco Itaú de uma maneira que não atrapalhasse as pessoas que subiam a escada em direção à agência. Fiquei pensando nos flanelinhas que certamente viviam aquela situação não por opção, mas por necessidade.

DORLENE MACEDO.png

MARIA DORLENE DE MACEDO CALDAS nasceu em Independência no Ceará, e mora atualmente em São Luís no Maranhão, na Ilha do Amor, Patrimônio da Humanidade. É fonoaudióloga, especialista em Fonoaudiologia no âmbito hospitalar, especializada em voz e diretora técnica da Clínica Fonoarte.  É membro Acadêmico da ALB – Academia de Literatura Brasil e poetisa Camaquianista. Palestrante e Defensora da Inclusão Social.

www.dorlenemacedopoemas

Trecho de ENTARDECER

Essa beleza estonteante

Enigmática

Essas cores que simbolizam a paz

E expressam a magnitude do fim de mais um dia

Esplêndido, esse poder de irradiar esse sentimento de leveza

Brisa suave acaricia minha face

Balança meus cabelos

Escuto o leve movimento das folhas caídas no chão

Esse é meu lugar

Cada pedacinho desse céu, dessa terra

Esse movimento das árvores

Esse canto dos pássaros.

O entardecer é lindo,

A vida é imensurável

Vem a noite e com ela o brilho das estrelas

A lua que inspira

Corações apaixonados

A noite promete

O amanhã nos pertence.

DRE GUAZZELLI e I A O.png

ANDRÉ GUAZELLI é DJ, produtor e agitador cultural. Mais conhecido como Dre, é um artista multifacetado e conjuga na vida diferentes tipos de pista - das práticas de yoga aos grandes festivais. Alimentação saudável, autoconhecimento, ações sociais, produção de eventos, parceria com marcas e o ato de compartilhar amor através da música.

 

IVANDRO KOTAIT é poeta desde menino. Nasceu em Avaí, São Paulo. Como publicitário, criou campanhas e peças memoráveis. Atualmente, é professor de Filosofia esotérica, hermética e iniciática, com mais de quarenta anos de estudos ocultistas com verdadeiros Mestres da Sabedoria que o levaram a criar o curso Semente - Sê Mente de um Novo Tempo.

 Percebendo a necessidade de definir novos comportamentos perante as mudanças profundas que vivemos, DRE E IVANDRO desenvolvem o projeto DREnando IncOnsciênciAs.

 

“Precisamos cultivar a semente de um tempo melhor e este é o tempo preciso, exato para estudos que ampliem a nossa consciência”

@dreguazzelli  -    @sementesdeumnovotempo

Trecho De duas energias que se propagam por dever

 

DIREITO E DEVER DE ENERGIA

 

Terceiro milênio! A energia aprisionada, ferida, hospedeira de tantas mortes e sofrimentos, já cansada de ser paciente impaciente se deu alta. E voou. A princípio um voo tenso, triste, débil. Mas, havia uma réstia de Luz, uma Luz que emanava do verdadeiro Pai.

Pai amor, Pai verdade e justiça. Pai paz. Um pai que a energia quase não mais reconhecia depois de tantas atrocidades, leis, regras e mentiras seculares.  Ah! Quanta emoção sem sentido. Quanta honra para justificar crimes covardes egoístas. Quanta bondade forjada em doutrinas e filosofias exotéricas. Quantos sentimentos nobres atirados nos monturos das convenções. E esses risos hipócritas e corruptos, acordes desarmônicos de um mundo fora do compasso. Quanta falsidade, quanta miséria. Quanto jogo de azar e maldições. E esses pastores de esperança que se alimentam das suas ovelhas, tosquiadas de conflitos, o funeral da fé cega. E as Marias amputadas, vítimas de uma sociedade impune e machista. E essas crianças de cabelos grisalhos, órfãos de pais e mestres, servindo de bandeiras, coloridas de frieza e insensibilidade. E esses velhinhos carentes, protótipos de desesperança e sulcos de desamor. E os donos da verdade, falsos profetas, com seus princípios sem testemunho. 

EDNA DE OLIVEIRA CLETO.png

SE EU ME CALAR

 

Não perdi a voz, está presa na garganta

com incerteza, mágoa e decepção.

Sentimento que entristece, desencanta

o mais nobre e singelo coração.

Mas, se a voz emudece, o coração enternece,

outros sentimentos brotam,

mesmo calada, a alma floresce

novas canções, amores embalam.

Coração chora, olhos transbordantes

em lágrimas, da minha poesia

a voz presa, amores distantes,

canção ecoa na sala vazia.

Podem calar minha voz, meu coração jamais,

meu poema, minha canção nāo!

Sou mulher, corajosa e capaz

de falar com a alma e o coração.

EDNA DE OLIVEIRA CLETO, nascida em São Roque, interior de São Paulo, casada, mãe, professora. Reside em Sorocaba, SP. Membro da Academia de Literatura do Brasil, cadeira 07, tendo como Patronesse Clarissa Corrêa. Participou da Antologia Reduto dos Poetas e Antologia Poética volume II. Descobriu na literatura verdadeira paixão.

EUDES JOSÉ DE CARVALHO.png

EUDES JOSÉ DE CARVALHO nasceu  em Andradas, Minas Gerais, e sempre teve interesse por artes e desenho. Em 1966 iniciou profissionalmente a carreira das artes plásticas e paralelamente, em 1967, em artes cênicas, atuando até os dias de hoje. Durante sua trajetória, sempre teve apreço por poesias e descobriu-se escritor em meados de 2010.

@eudescarvalho

VIVER NA LUZ

Do caos brotou a luz

Que delimitou as trevas

Do abissal as águas

Nascedouro de vidas

Na terra

Que a luz abra meu coração

Seja eu alma livre e iluminada

Como o voo do passarinho

Numa tarde ensolarada

Na terra

A luz que me indica

os caminhos seguidos,

Afasta de mim as travas

Dos pecados cometidos

Na terra

Mostra-me as armadilhas

Dos desejos proibidos

Apaga os meus rastros

Não seja eu perseguido

Na terra

Se é da luz que nasci

É na luz onde eu vivo

No início e no final

É onde será o meu fim

Na luz!

FABIO ANDRE.png

FÁBIO ANDRÉ nasceu no Rio de Janeiro, em 1993, é formado em Artes/Figurino pela faculdade Senai Cetiqt e além da literatura, seus trabalhos abrangem o campo das artes plásticas e da música. É da cor vermelha e das melodias fáceis, mas também das complexas. Gosta do mar e da ideia de futuro, mas consume mais produtos do passado.

@marrobaha

GASES E POEIRA

 

Quando eu olho para o céu e vejo as estrelas penso que uma eternidade de pessoas lá atrás olhou as estrelas assim como eu, e isso me conforta.

Fonte luz, aprendizado inesgotável.

O céu carrega consigo todos os astros

aparentemente solitários e toda energia cósmica de amor.

Em férteis dias de azul e o amarelo forte e inevitável. Ou loucas noites de negra absorção e trocas igualitárias.

Às vezes é preciso uma grande guerra para que a paz seja alcançada.

Ou talvez isso seja um pensamento conservador de quem ainda não aceita o amor como regra de convivência mais do que conveniência.

De qualquer modo eu olho as estrelas, como uma eternidade de pessoas lá na frente certamente o farão.

Eu sei que elas estarão ali e isso me conforta.

FRANCISCA DANTAS.png

CAMINHOS

 

Caminho a passos cautos

Neste mundo burocrático.

Sem norte.

Sorvo por sina a soberba.

A tirania desta politicaria

Tão cheia de mácula

Tortura o meu sonho de democracia.

Soluço em meus caminhos de plena solicitude

Olhando para o topo deste mundo.

Diante de tanta impregnação sórdida.

Senhor, tende misericórdia de mim!

Esta represália causa náuseas na minha ideologia.

Solidariedade é demagogia na sacanagem

da politicagem.

Vejam vocês, estou sendo lepidamente empurrada

Na sarjeta desta burocracia.

FRANCISCA DANTAS, nasceu em Brejo do Cruz, PB, aos 29 de abril de 1964. O seu nome de batismo é Francisca Dantas Neta, e o apelido Duxa.  Graduada e pós-graduada em Letras, também leciona. Amante da literatura, publicou um livro de poemas pela Editora Literarte. Mora em uma pequena cidade, Campo Grande, RN.

@franciscadantas

GLAFIRA MENEZES CORTI.png

GLAFIRA MENEZES CORTI, mãe, avó, professora, paulistana; uma borboleta catadora de letras que ficam ao léu, soltas e esperançosas de tornarem-se signos representantes de ilusão ou realidade. Trabalha voluntariamente, como Palhaça Pitanga, duelando sorrisos com crianças, idosos e em hospitais; como contadora de estórias e como oficineira de escrita e leitura. Tem três livros publicados: Tamborilando com Letras, Pra Você (cartas de amor) e a obra infantil Eu fizio porque quizio. É membro efetivo da Academia Contemporânea de Letras, cadeira de número 11, patrono João Guimarães Rosa.

@glafiramenezescorti

TRECHO DE CARTA À MÃE

O sorriso e a lágrima desnudaram a minha emoção,

Elevaram a pulsação do meu coração,

Evocaram além dos sentimentos de gratidão,

Os pensamentos de preocupação,

Que permearam durante o processo de gestação

Nas suas diversas fases de aprendizagem;

Curiosidade e amadurecimento da coragem,

Nessa lírica homenagem enviada com bombons.

                                                        

Mãe,

 Você sempre foi e continua a ser a grande referência da minha vida e acho mesmo que o que há de bom em mim (mesmo que seja pouca coisa) eu devo a você. É muito bom contar com você de maneira tão irrestrita, a vida não oferece este conforto a todas as pessoas; só a mãe com sua mágica, com sua força inabalável é capaz de sustentar sua cria, incansavelmente, amorosamente, sorridentemente.

GUERREIRA XUE.png

O TEMPO E A TERRA

 

Hora de virar a terra

Semear esse chão

Pois é preciso ter trigo

Para se fazer o pão

A natureza prospera

A chuva logo chega

É o tempo de espera

E a terra se rasga

A semente germina

E o verde aflora

Meus olhos de menina

Vai se fazendo a seara

Vem a hora de colher o grão

O trabalho se faz árduo

O suor é farto

Também farta é a gratidão.

GUERREIRA XUE é Hilda Milk, escritora das redes sociais com livros físicos e digitais publicados no Brasil e em Portugal. Ativista em prol das artes, a autora propõe argumentos irrefutáveis para um novo olhar sobre a história e o mundo que nos cerca; mesmo que tudo já tenha sido dito, alguma coisa sempre nos escapa.

@guerreira60      https://tinyurl.com/y5h6cyxv

ISIS%20SANTANA_edited.jpg

ISIS SANTANA, conhecida como Isis San no mundo da Literatura Infantil. Pedagoga formada pela PUC-SP, pós-graduada em Políticas Públicas Municipais-UNIFESP e professora da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, membro titular da Academia Contemporânea de Letras, ocupando a cadeira n° 15, Paulo Freire e da Academia de Letras dos Professores da Cidade de São Paulo, ocupando a cadeira n° 37, Tatiana Belink. Mãe de dois pentelhos animados. Autora e ilustradora do livro: Brincar e sonhar — poemas para crianças, edição bilíngue Editora Matarazzo. Realizou participações em antologias das Editoras Matarazzo e Futurama e foi ganhadora do Concurso Manuel de Barros, da ACL, Concurso: Revelarse autor da PMSP. Esteve presente na Bienal Internacional de Taubaté e na Bienal Internacional do Livro do RJ. Também na Feira Literária da Universidade Federal do ABC, no Festival Mário de Andrade e em escolas públicas da capital paulista.

E-email: isisdeusagrega@bol.com.br Facebook: Isis Santana

AMAR É SOBERANO

 

Tem horas que sou tanta dor

Pergunto

Por que logo comigo?

Vontade de sumir

Toma conta de mim

Vou me afastando

Sinto que você está prendendo

a minha mão

Me refaço

Me encontro

Em você

O tempo é sempre tempo,

E não meu tempo.

Amar é soberano

Ao tempo

Às horas

Às críticas

Aos julgamentos.

É resgate diário de ir ao fundo

Desconstruir a meta

Ressignificar as conquistas

Questionar o sapiente

Será que tudo

Necessita de resposta?

LEO GARGI.jpg

LEO GARGI - Nascido em 1960, em São Paulo - SP, Leonardo Gargi é formado em Letras - Português/Espanhol e suas respectivas literaturas. Participou das coletâneas: Salvante III – Dedilhando Pensamentos (Sarasvati, 2021) e Coletânea em Prosa e Poesia do Grupo Lupa, Academia Contemporânea de Letras, (Sarasvati, 2021).

 

Por vício e dever de ofício garimpa semantemas, morfemas e outros seres curiosos de nosso idioma, lapidando palavras e encadeando frases sem arranhar a alma das lindas histórias que os artistas da escrita arquitetam.

@leogargi

Trecho de PICADELAS

 

Creio que ando um tanto traumatizado por agulhas.

Desde o dia 10 p.p., quando fui internado para tratamento de uma infecção — sou transplantado cardíaco —, recebo algumas carinhosas picadas. Tudo começou no elevador quando, subindo para o 5° andar, domínio daquelas meninas maravilhosas, senti uma

picadinha em meus glúteos sedutores.

O que é isso, companheiro? — perguntei "gabeiramente" ao ascensorista.

— Nada não, é apenas para você ir se acostumando — respondeu o moço com seu jeito faceiro, capaz de fazer Schopenhauer tentar esboçar um pequeno sorriso.

Já instalado no quarto, aquela chuva de picadas: coletas para CMV, cultura, cultura. . . ufa!

Graças a Deus que essas meninas do 5° são gentis demais (aqui nenhuma ironia, todas são uns amores e muito humanas, transformam qualquer desconforto em alegria. Fátima e eu as

adoramos de paixão).

Contudo, esta vida não é feita apenas de picadas.

MAIA MADRUGA LAM.png

MAIA MADRUGA LAM  Ilusão. Dentre as palavras mais profundas e simples, justo essa foi escolhida para significar meu nome: Maia. E confesso que me identifico com ela. Durante os 15 anos que tenho vivido nesse mundo, me iludi inúmeras vezes com o nó que meus pensamentos traçaram. O único jeito que encontrei de desentrelaçar o que minha cabeça criou foi compartilhando com o papel — e ele pareceu me entender mais do que eu mesma. Vivo de melodias que tocam meu coração, as mesmas que me aquecem para escrever. As mesmas que me fazem amar. Ou me revoltar.

Maia Madruga Lam, desde 2004.

Trecho de PARÁGRAFO

 

É respirar o silêncio que criamos e se sentir bem com o que não é verbalizado, apenas sentido.

É enxergar as cores que você pintou na minha alma

mesmo em meio à escuridão. É sentir vício do afeto. E na pele, a dor da saudade.

É reconhecer o espaço que a distância nos determina,

mas saber em segredo que estamos sempre juntos.

É doar parte do corpo e receber outro em troca.

É ver que se encaixou. É trocar poesias pelo movimento dos pés e recitá-las pelas mãos.

É recarregar as energias da correria no calor dos braços e sentir-se completo. É tocar a linha que liga

nossos corações e dar um forte nó.

É se queimar com a intensidade e admirar a cicatriz.

É sofrer de dia estando longe e amar de noite nos sonhos mais profundos.

É enxergar uma história inteira enquanto o tempo só

permitiu um parágrafo.

É amar

MALIK AL-SHABAZZ.png

MALIK AL-SHABAZZ é o pseudônimo de ALBERTO ALVES PEREIRA, paulista, filósofo e escritor. Publicações: “Histórias prematuras de um prematuro” e “O livro do último dia”, com a poeta Vania Clares. Participou da Antologia Salvante I – Poesia viva, Salvante II – Coincidências e atua em projetos culturais e ONGs.

@albertomalik1966

SOU SEMENTE

 

Estou voando com o vento

Leve como a brisa

Para lá e para cá

Sou semente.

Estou desaparecendo

Tornando-me arbusto

Mais um pouco sou árvore

Sou semente.

Tenho flores às vezes

Às vezes frutos. Se não alimento,

sou abrigo. Esperança.

Sou semente.

Estou semente. Pronto para brotar.

Que terras encontrarei?

Vou voar mais um pouco.

Sou semente

Estou partindo. Brotando.

Firmando raiz entre as pedras.

Depois vou crescer. Dar flor. Frutos.

Sou semente.

Estou voando com as abelhas.

Com os pássaros.

Caminho com os animais.

Depois fico bem quieto.

Sou semente.

MARCELO KASSAB.png

MARCELO KASSAB é cirurgião-dentista, pós-graduado em Implantodontia, membro e fundador da Academia Contemporânea de Letras, autor de ''Efemeridades'' (obra vencedora do Concurso Nacional ''Meu Primeiro Livro'' pela Editora Matarazzo). Participante de Antologias pelas editoras Sarasvati e Matarazzo.

@marcelokassab       @efemerides_literatura

POLISSÍNDETO

 

Não temo o escuro!

O breu que acolhe o incerto futuro,

Nem tenho medo de morrer,

De ver a página perecer, amarela,

E da palavra esvanecer,

Num tímido balbucio, ao dizer.

Não temo a opacificação,

A perda do brilho nos olhos,

outrora reluzentes,

Pela tristeza oculta, inutilmente,

Bruxuleando por falsas lentes.

Só consinto para o derradeiro dia,

A dor da lágrima retida;

Escondida e temida.

Vaporizada pela calidez da ignomínia.

Porque homens não choram!

E não amam,

E não admitem,

E são fortes,

E não temem a morte.

E aprendem isso, desde meninos.

Apenas, por serem homens!

MÁRCIA LUPIA.png

MÁRCIA LUPIA, nascida em São Paulo, é escritora e graduada em Letras, mestre em Linguística e doutoranda em Ensino. É servidora da Universidade Federal do ABC e membro da Academia Contemporânea de Letras, ocupando a cadeira de nº 10. Acredita que através da arte as pessoas experimentam a liberdade e podem refletir acerca de seus desejos e da realidade em que estão inseridas.

@marcialupia

Trecho de A GOTA

 

Vestia-se para ir ao trabalho. Deixava a camisa passada em um cabide na maçaneta da porta do quarto no dia anterior. Traje social era exigência do escritório de publicidade “Pictures”. Vítor, recém-formado em jornalismo, trabalhava lá há seis meses e não poderia desapontar sua chefe, a renomada jornalista Ísis Bonaparte. Ele tinha o emprego que muitos de seus colegas almejavam. Entretanto, a cada dia, sentia-se mais desmotivado: ser assistente de Ísis era secretariá-la pessoal e profissionalmente. Ademais, Ísis trabalhava na área de moda e Vítor sonhava com jornalismo investigativo.

Mais uma manhã em que caminhava pensativo em direção à estação do metrô. Eram poucas estações até sua parada na Avenida Paulista, local onde trabalhava. Como de costume, parou na “Cafeteria Estrelas” para comprar um copo de 500 ml de café descafeinado com mirtilo para Ísis. Era sua primeira tarefa do dia. 

MÁRCIA MARQUES.png

COPO VAZIO

 

Dizia Chico

Que um copo vazio está cheio

de ar

Um copo vazio já esteve cheio

De água,

Para saciar a sede

De leite,

Para saciar a fome

De álcool,

Para esquecer a vida

Um copo

Muitas vidas

Tantas histórias

MÁRCIA MARQUES, nascida no Rio de Janeiro é graduada em Física e doutorada em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde é professora desde 1992. Tem mais de 50 artigos publicados em periódicos científicos internacionais. É autora do livro Quatro escolhas, quatro destinos, publicado em 2019 pela Editora Gaivotas.

MARCO ANTONIO.png

NARIZ VERMELHO

 

Estou com boletos atrasados

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

Tenho dores pelo corpo

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

A morte me deixou de luto

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

Quero chorar

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

KKKKKKKKKKK

Recebi um aumento

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

Nunca me senti tão bem

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

A vida me deixa radiante

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

Quero sorrir

E O MEU TRABALHO É FAZER RIR

MARCO ANTONIO é Arquiteto, pós-graduado em Designer de Interiores. Participou de várias antologias. Membro da Academia Contemporânea de Letras (ACL), cadeira número 04. Gosta de buscar o acervo imaterial nas coisas.

@marco_an_to_nio

MARCO ARROYO.png

MARCO ARROYO (1958), natural de Talcahuano, Chile, é cidadão brasileiro naturalizado. Bacharel em Teologia e Licenciatura Plena em Pedagogia, com pós-graduação em Ciências Sociais e Religião pela UMESP. É professor de sociologia e consultor de planejamento estratégico com vasta experiência em gestão pública. No tempo livre dedica-se à culinária, à leitura e à escrita. Seus  hobbys principais são a fotografia e o cultivo de plantas domésticas, especialmente orquídeas e bonsais.

@marcoarroyov

Trecho de A LIBERDADE NO CORPO DE MIM

 

Não há liberdade mais adorável na mulher

Do que aquela que rompe as ataduras

Dos fantasmas que infligem horror sobre o corpo.

Ela permite se apresentar nítida perante o espelho

E se reconhecer segura e forte

Para se aceitar sem culpas nem sofrimentos.

No corpo toma forma a beleza da criação

Nele se aconchega e se abriga uma alma

Aquele sopro de vida que fora dado pelo Criador

A energia vital que lhe permite sonhar, voar e amar.

Sobre o corpo de toda mulher pesam alguns

preconceitos

Instrumento poderoso de dominação

Sobre ele se faz censura, se aponta o dedo acusador

E se impõem os valores de uma falsa beleza

supérflua e traiçoeira.

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LA VITA

 In memoriam Evita Perón

 Como é breve

Se passa e não se vê.

Será que podemos crer?

A vida é assim

Um belo jasmim

Que quando se admira

Já se passou o aroma

De toda mirra.

Olhai, mira!

Como é efêmero

Este solene passo.

Ande com calma.

Eleve sua alma.

Tudo se foi.

O que sobra?

A sua obra.

MARCOS ROGÉRIO MARTINS COSTA nasceu em 15 de setembro de 1990 em Birigui-SP. Formou-se em Letras, depois, fez mestrado e doutorado também nesta área. Todas as formações na Universidade de São Paulo. É escritor imortal da Academia Contemporânea de Letras, ocupando a cadeira 21, cujo patrono é Érico Veríssimo.

@escritaconsciência

MARIA DO ROSÁRIO BESSAS.png

EU PASSARINHO

 

Eu, passarinho, olho as minhas penas

Que mais parecem ser dó...

Profundas, e às vezes, amenas

Lamentos de ser tão só.

Meu canto, se ainda existe,

Não sei fazer com primor

É só um lamento triste

De alguém que sofre de amor.

E preso, com as portas abertas

Na minha gaiola eu me escondo

Minha vida tão deserta

Parece o sol já se pondo...

Escolhi ser eu, passarinho,

Sem vontade de voar.

Fiz da minha vida, um ninho,

Onde espero o tempo passar.

MARIA DO ROSÁRIO BESSAS nasceu em Lagoa da Prata, MG, em 17 de abril de 1953. É pedagoga aposentada e professora. Publicou o livro Poesias de Criança e Recados Poéticos. Participou de várias coletâneas, entre elas, Lagoa da Prata em Prosa e Verso e Palavras sem Fronteiras. Recebeu o Prêmio Luso-brasileiro 2013, Melhores Poetas, da editora portuguesa Mágico de Oz e pela Associação de Poetas de Ilha da Madeira. Ocupa a cadeira nº 8 da Academia Lagopratense de Letras. Também é colunista do jornal A Folha de Lagoa, Jornal Informação e colaboradora de jornais da região. Sua obra compõe-se de crônicas, contos, artigos e poesias, com um carinho especial pela poesia infantil.

@mariadorosariobessas

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MARIA ELIZABETH CANDIO é poeta e professora universitária paulistana, cursou mestrado em Literatura Comparada na USP e tem três livros de poemas prontos: Canção Necessária, publicado em 1986 pela Scortecci Editora; Ávida Vida, publicado em e-book pelo coletivo Prato de Cerejas na Editora E-Galáxia e Poemais dos animais, ainda inédito. Tem participação em diversas antologias, além de alguns prêmios literários, entre os quais se destacam o segundo e o primeiro lugares no Concurso Escriba de Poesias de Piracicaba, em 1994 e 2004, respectivamente.

@bethcandio

ÁVIDA VIDA

 (Fragmento)

 I

O canto das cigarras me musica

e o murmurar dos rios me pirraça,

a solidão das relvas me pudica

e o sol com seus encântaros me graça.

A imensidão das matas me beleza

e a avidez dos pássaros me lavra,

a sábia paz do Buda me certeza

e o parto do arco-íris me palavra.

II

O enlevo do viver em luz me rede

e o leito natural do chão me clima,

o fogo da emoção voraz me sede

e o afã de uma inspiração me rima.

A trilha das veredas me floresta

e a festa dos riachos me energia,

a maestria do esplendor me gesta

e a saga do sereno me poesia.

III

A mágica do pôr do sol me praia

e a cálida visão do amor me altura,

a alma da nudez total me gaia

e a calma da mudez final me pura.

A branquidão da lua me transversa

e a sã comunidade me cinema,

a impávida milágrima me versa

e a dádiva da vida me poema.

MARIA JOSE BERNARDES TEDESCHI.png

INCOERÊNCIAS

 

Na natureza,

Nela me encontro.

Eu a respeito

Entrego-me.

Ela me cala em silêncio

Eu a entendo,

No seu perfume

Recupero-me.

Florestas quase inócuas

E abstratas de vida

São as friezas

Dos corações

Sem pulsações

Pelo amanhã

MARIA JOSÉ BERNARDES TEDESCHI nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo. Formada em Pedagogia e Filosofia de Ensino pela Unimar de Marília. Trabalha com analítica didática. Espírita por devoção e fé. Gosta de ler, dançar e viajar.

MARIO SERGIO GOCHI.png

MARIO SERGIO GOCHI é  advogado com atuação na área criminal, reside em Santos/SP. Publicou em 2018, pela Editora Urutau, o livro “FUI OLHAR A RUA... e outros poemas”, sob o heterônimo PASQUALE GLIOSCI, após processo seletivo da referida Editora em Chamamento Público destinado a autores da Baixada Santista e Litoral de São Paulo. Mario se define como um arquipélago. Os poemas são assinados por algumas de suas ilhas: MANOEL RODRIGUES AFFONSO, GODOFREDO MEME e PEDRO CAETANO.

mariogochi@yahoo.com.br

ILUSÃO DISRUPTIVA

 

Manter-me vivo

Sem aplicativo

Eis um dilema substantivo

Do mundo atual

Manter-me vivo,

assim no infinitivo

Pronominal

Efetivo

Afetivo

Salvo, temporal.

Ser sem ser putativo

Como ser evolutivo

Ser sem ser marginal

Hei-me, aflitivo

Hei-me, no presente do indicativo

Da cadeia animal

Gostar-me-ia disruptivo

Sim, com esse adjetivo

Do fetiche vocabular

Tecnológico-corporativo

Global

Viver sem aplicativo

Manter-se vivo

e real.

(Godofredo Meme)

MARLY DE SOUZA.png

ISOLAMENTO

 

Num casulo recolho-me.

Abro os portais do meu interior.

Observo-me.

Recluso, medito.

Pavor assombroso.

Desespero constante.

A humanidade surtou.

Todos juntos

e afoitos numa pandemia.

Ninguém dormia...

Terror do fim do mundo,

que ainda não teve fim.

Num momento infecundo,

egoísmo exacerbado

um por todos e todos “por mim”.

Tudo se fechou.

A humanidade se isolou.

Ou, pelo menos, deveria.

O planeta adoeceu

Muitos partiram sem dizer adeus.

MARLY DE SOUZA é escritora, educadora, nasceu em 26/06, SP. Cursou Técnico em Magistério, Letras, Direito. É pós-graduada em Docência no Ensino Superior. Autora dos livros “Pra onde o vento me levar”, “Tagarelando em Prosa e Verso”, “Revelando emoções” e “Roubaram a trança da Princesa Aixa”. Participou de mais de 30 antologias e é membro e fundadora da Academia Contemporânea de Letras, cadeira: 1, patrono: Olavo Bilac.

@marlydesouza

MEG CROSS.png

MEG CROSS, pseudônimo de MARGARET CRUZ ocupa a Cadeira nº 19 da Academia Contemporânea de Letras, tendo como patrono Paulo Bomfim. Advogada há mais de trinta anos em São Paulo, tem participação em diversas antologias, além de alguns prêmios literários, entre os quais se destaca o primeiro lugar no Concurso

“Dolores Duran: Arte das Palavras Femininas”, em junho de 2019. Artista plástica: arte de capa na obra “Crônicas Monte-Sionenses: chão e estrelas”.

@margaret.cruz.399

Trecho de LIBERDADE

 

Na arte da escrita eu encontrei a minha liberdade 

Poder escrever a ficção ou a realidade

Sempre com muita humildade

Ter um leitor para as ideias compartilhar

E nunca desanimar de dizer a verdade

Como é bom poder escrever aquilo que eu quiser

O papel em branco, calmamente, a esperar

Que venham os pensamentos sem parar

E que a mão trate de acompanhar

Mas, também posso parar e meditar

Retomo o texto quando puder

Vou dormir com uma rima pronta

Acordo com os versos na cabeça ainda tonta

Por vezes, no trânsito, escrever rápido antes que eu

esqueça

Por Deus, que eu não enlouqueça!

PAOLA CALDAS.png
CAPA ESCOLHIDA PRETA 2.jpg

Criadora da Capa Salvante II - CoIncidências,

Sarasvati Editora.

PAOLA CALDAS (LOLLA’NZZEL) é escritora, artista, viaja entre os mundos sonoros e visuais atuando como artista plástica, DJ e

produtora de música eletrônica. Formou-se pela EMeT (Escola de Música e Tecnologia) em 2014 e pela Universidade Anhembi Morumbi em 2016. É formada também em Yoga e Meditação pela IEPY (Instituto em Pesquisa e Yoga), Terapia Holística Reikiana nível III pela Lótus Holística. É bacharel em Teologia pela FATEC  (Faculdade de Teologia e Ciências) de São Caetano do Sul e em Artes Visuais pela Universidade Anhanguera. Desde pequena suas maiores paixões sempre foram a música e a pintura, e com o passar dos anos desenvolveu sua própria técnica dentro da arte, assim como sua conexão com a espiritualidade, que a despertou desde pequena. Sua missão dentro da arte e da música é a de expressar sentimentos que se originam em seu inconsciente e transmutam para a consciência em forma de elevação e transcendência,  enviando energias elevadas a todo público.

@lollanzzel       www.lollanzzel.com

 

 

Trecho: O FLUXO DA ALMA

 

Acredito que estar aqui neste momento em forma de escrita é um presente do Universo ao expressar o que flui dentro do meu ser de forma livre. Os caminhos que tracei me fizeram estar aqui e agora, foram intensamente experenciados em estados profundos de consciência – em suas infinitas formas de sentir o amor, a dor, a saudade, o apego e desapego de quem trilhou e alcançou o brilho eterno da leveza que a paz traz acima de todo o ruído que meu espírito grita através de silêncios atentos das coincidências da consciência nos processos de minha vida.

Com ciência, sem ciência.

Sem ciência, consciência.

Foi através das incidências dos fatos ou dos descasos que se  aglomeraram no meu inconsciente em busca de uma causa maior chamada: destino. O destino que dilacera ou de lá será, foi onde encontrei o propósito, através das coincidências, de uma visão dilacerada, o sentido de minha vida – Atenta, sentindo à flor da pele os gritos que meu espírito me causou para me acordar, ao estar no prezen-te aqui e agora. Coincidências que a chama do meu espírito inflama como o cheiro da mata perdida em um oceano sem fim. No bosque da vida, que me trouxe até aqui, através dos encontros e desencontros, onde me perdi dentro do universo que habito dentro de mim. Jamais poderei expressar em palavras os sentimentos expressos de uma alma flutuante, que viaja em um céu estrelado aos olhos de quem ainda não pode enxergar — a pureza e um brilho eterno de um verdadeiro olhar.

PATTY ALMADA.png

PATTY ALMADA - Nasci em Mogi-Mirim em 5 de outubro de 1953, sob o signo de libra. Desde cedo vi brotar em mim o dom da poesia, através do olhar que tenho sobre a vida. Fui professora, publicitária, vendedora, fabricante de sonhos e desenhista. Sim, desenhista. Jamais consegui viver sem um risque rabisque por perto. Cheguei ao mundo com lápis na mão. Uso cores que invento, colocando tons que minha alma enxerga. Em tudo. Morei numa cidadezinha do interior de SP e em 1974 cheguei a Brasília para, no Planalto Central, viver o resto de meus dias. Ali fui triste e muito feliz. Tive três filhos, Rodrigo, Fernanda e Ana Luiza e por eles jamais desisti. Tive netos e nesse chão, pretendo deixar marcada minha passagem pelo planeta. É muita pretensão?

@patty.almada.bsb

t

Trecho de PROCURA-SE

 

— Uma casa na praia (para os dias de paixão). Outra,

nas montanhas.

Essa última, para os dias frios. Tá, de paixão também.

De preferência com lareira. E fogão a lenha.

Com porta sem trancas, mas por garantia, um cadeado

com chaves reserva.

— Um jardim sem ervas daninhas. Pomar com

amoras, pitangas, figos e laranja-lima.

Essa última, só pra enfeitar.

Mas que dê laranjas o ano inteiro.

Procura-se ainda:

— Um coração novo, pois esse, coitado, está

capenga. Cheio de cicatrizes.

— Um primeiro amor, que seja o segundo, terceiro,

cheio da tal paixão. (Aquela, da casa da praia e da

montanha.)

De preferência o último. Para não fazer sofrer o

coração novo;

E... felicidade.

PAULO ROBERTO SILVA.png

PAULO ROBERTO SILVA nasceu em Bauru/SP em 19/10/1958. Mestre em Serviço Social e Especialista em Recursos Humanos, funcionário público. Participou de diversas coletâneas e possui três livros solos: “Ana Banana Caldo de Cana”, “Berenice Cabeça de bagre” e “Amor Cor Gradiente”, todos de poesias, poemas, tautogramas, indrisos e afins. Atuou em várias peças do Grupo Teatral Dante Alighieri e, na década de 80, participou de duas produções cinematográficas.

paulorobertosil400@gmail.com

MANSIDÃO

 

A lua chegou de mansinho

E abrandou o caminho dos amantes

Oferecendo luz e brilho

Para uma vida melhor.

Não importa quem seja o amante da noite

Nem a hora nem o local

O brilho fica reluz

E os leva a caminhar.

Para essa beleza prateada

Não existem fronteiras no mundo

E guia o pobre e o rico

Nas noites escuras e de sonhos.

Não adianta fugir

Ela sempre estará lá

Alimentando esperanças

De jovens amantes se amando.

Amar sob o luar

É o melhor investimento

E com o brilho da lua

Beijos doces roubar.

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SINAL – O POUCO QUE DIZ MUITO

 

A alma que diz no cio do vento

A maré que lambe e purifica seus pés

A terra circunda a vontade de mergulhar no sol

Embriagado nas labaredas das ânsias do meu ser

Na sincronia magnetizada dos planetas

Na liberdade do labirinto

Pular as paredes do comodismo

Pegar carona nas consciências nave

Flutua no abismo

Entre o que se diz

O que cabe em palavras

E o que se entende

Me encanta

Me conecta

Me estende

RAFAEL RUGGERI é Conselheiro holístico e estudante de várias linhas

espirituais tendo o início do seu despertar espiritual em 2008. Tem experiência em comunidade holística há cinco anos, estudos relacionados a escolas filosóficas e herméticas desde 2011, é astrólogo, possui conhecimentos avançados em Calendário Maia e é conectado ao xamanismo desde 2010.

@rafaelruggeri         www.rafaelruggeri.com.br

RUI MATOS.png

RUI MATOS Jornalista e escritor com formação humanista, é autor da trilogia Agnus Dei - No Mar de Água Doce, lançado pela Carlini & Caniato (2015). Conquistou sete prêmios jornalísticos, entre eles, os concedidos pelo Instituto Ayrton Senna (2010), HSBC - Jornalistas & Cia (2010), Sebrae (2011 e 2013), além do 1º Prêmio de Literatura de Mato Grosso (Revelação - 2014).

@rui.matos.escritor

Trecho de PÃO PÃO, TUDO TUDO VAIDADE!

 

Ida à padaria como evento do cotidiano já não é privilégio apenas de paulistanos. Uma mistura da tradição com a modernidade preservou o cheiro de pão com café e moldou, com uma boa dose de fermento presunçoso, um ambiente eclético. Ideal para pôr as fofocas em dia, fazer novas fofocas e analisar as fofocas alheias. Talvez, sem maledicência alguma. Ou apenas como forma de distração, apesar da minha ênfase cheia de maldade no substantivo feminino. As guloseimas e comidinhas gostosas, nesse caso, ficaram em segundo plano.

Ambientes atraentes, as novas padarias se proliferaram Brasil afora e chegaram também à minha cidade, Cuiabá, em pleno Planalto Central. Foram se instalando nos chamados endereços charmosos, como em São Paulo. Na verdade, na rota dos VIPs. Afinal, pelo preço do cafezinho adoçado com grãos de ouro estava claro que o lugar era para gente endinheirada.

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S. L. MAZZI é pseudônimo de SÉRGIO LOPES, paulistano, 58 anos, católico de nascença, mas Espírita-Umbandista pela eternidade da vida, e do Espírito. É escritor, compositor, poeta e filósofo. Médium de incorporação e da psicografia. Usa o nome S. L. Mazzi como escritor e o nome espiritual Yannunpece (Aquele que Semeia). Foi em 03 de maio de 1977 que suas mãos escreveram pela primeira vez o desejo da sua alma. Hoje, são mais de mil poemas e seis livros escritos/psicografados. Em 2018 foi publicado “Os Treze Portais”.

@s.l.mazzi

UM PEDAÇO

 

Eu pedaço do mundo

Dominado por tudo

Não encontro palavras a te dedicar;

Fiz um carrasco em consciência

Adormecido na leveza de amar você;

Feito o lume das estrelas

Penetro nas brechas de seu coração,

E me perco em sua imensidão

Razão pela qual, acredito na essência do amor;

Olhar ao longe, te enxergo

Sou feito um pássaro,

Planar, planar

Faço-me pousar

E descanso em teu coração;

Existem mil emoções por entender,

Imaginar me faz sofrer

Os olhos, que te suspiram lágrimas

Na distância de te querer;

Eu pedaço do mundo

Sou lume das estrelas

Feito um pássaro

Entre lágrimas

Perdido em seu coração

Para um dia quem sabe

Poder te recitar.

SILVIO HENRIQUE MARTINS.png

SILVIO HENRIQUE MARTINS, santista de nascimento, adotado pela cidade de São Paulo. Contabilista, com pós-graduação em Finanças, Administração de empresas e Filosofia. Criador da fanpage Curto Logo Existo. Participa com textos e fotos em antologias da Editora Matarazzo e autor do livro Inquietações Filosóficas Contemporâneas. Membro da Academia Contemporânea de Letras, cadeira número 20, patrono José Martins Fontes.

@silvaogordao

Trecho de DE REPENTE, MENTOR

 

Passar dos 50 anos de idade tem suas vantagens, apesar de algumas restrições naturais. Eu penso que essas tais vantagens variam de pessoa para pessoa. No meu caso, a ideia de não precisar provar mais nada para ninguém, saber revidar com classe uma ofensa, estão sem dúvida, nas diversas vantagens de passar dos 50.

No entanto, há uma vantagem que até rima, a bagagem, ou seja, a experiência e a vivência. Mas, saber que nossa bagagem pode transformar a vida de alguém numa situação de desconforto e desespero, é sem dúvida a principal função dessa bagagem. Talvez esse seja o principal motivo de ficarmos velhos. No ambiente profissional os considerados “sênior”, são os mentores e  responsáveis pela formação dos “juniores” e dessa forma a empresa mantém sua cultura e a distribuição do conhecimento para todos.

TONY DE SOUSA.png

TONY DE SOUSA nasceu na Vila de São Sebastião, atual Governador Dix-Sept Rosado, no Rio Grande do Norte, em 1952. Estudou em Mossoró, Parnamirim e São Paulo. Em São Paulo ingressou na carreira artística, inicialmente como ator, depois como assistente de direção cinematográfica, e diretor cinematográfico. Formou-se em Letras, fez mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC-SP e doutorado em Ciências da Comunicação na USP-SP. Foi professor de roteiro da Universidade Anhembi Morumbi. Dirigiu os curtas Magias das Tintas, Estações, A Boca do Cinema Paulista, O Fazedor de Fitas Inacabadas, Mary Jane e os longas Avesso do Avesso e Expresso para Aanhangaba. Autor dos livros Caminhos de Poeira e Estrelas, Vivendo de Cinema, Histórias que Mamãe Contava, O Rei do Mundo, O Perseguidor de Fantasmas, Boca do Cinema, A Casa, Escute o Silêncio, Vento Forte, A Incrível História de João de Souza, Vaqueiro da Paraíba, na Terra da Garoa E Anton Souzarov, autor de O Outro

Trecho de Anton Souzarov, autor de O Outro

Busquei uma imagem na qual me reconhecesse e fui encontrá-la numa fotografia do início dos anos 80, quando eu tinha por volta de trinta anos. Naquela época meu cabelo era cheio, sem um único fio branco. Não precisava nenhum esforço para deixá-lo alinhado. Bastava lavá-lo com água e sabão, balançar um pouco a cabeça e ele se repartia naturalmente ao meio, deixando as madeixas caírem harmoniosamente sobre o rosto. Era de dar inveja ao Oscar Wilde. Eu não era magro nem gordo, usava jeans e umas botinas de couro cru. Seguindo meu rastro pelas fotografias percebi que até o início dos anos 90, de uma maneira ou de outra, eu conseguia ir mantendo essa imagem. Até que, em determinado momento, instalou-se em mim uma outra pessoa.
 

VANIA CLARES.png

VANIA CLARES, paulistana, é escritora, contista e poetisa e sócia da Sarasvati Editora e Comunicações. Estudante de Filosofia e ativista cultural. Participou de vários encontros literários na Oficina Cultural Oswald de Andrade, ministrou a oficina Irmanados pela palavra, expôs seu trabalho em turmas de Letras e pós-graduação em universidades. É membro da ACL-Academia Contemporânea de Letras, tendo como patrono, Caio Fernando Abreu.    Livros publicados: Urgência de auroras, Do Parapeito vital, Salão de Baile, Permanências outonais,  Germinação-Sementes de um novo tempo, Ouso, Plenitude, Por trás do vidro fosco, Segundo tempo, Esboços imperfeitos, Depois da chama acesa, Para alguém que me perguntou o que é preciso para ser feliz, O livro do último dia (escrito com Malik Al-Shabazz). Participou também das coletâneas da ACL-Academia Contemporânea de Letras e Salvante I e II da Sarasvati Editora.

@vaniaclarespoetisa

vaniaclares.blogspot.com

DO PARAPEITO VITAL

 

Não sou aquilo que vês...

A couraça que percebes

é o excesso de fragilidade,

que move ou tortura.

Dentro da concha cerrada,

a porta em ferrolhos,

permito frestas que me alimentam.

E o alimento caminha filtrado

no suporte do meu parapeito.

Nele contemplo

o complexo do ser

em solidão e unidade.

Contemplo a comunhão

da beleza e ironia,

da grandeza e mediocridade,

dos rumos e destinos vãos,

do irreversível óbvio pó

e o tão divinal inevitável está

em simplesmente ser.

Em entendimento e devolução

converto o que vejo

em palavras que registro.

Em minha suposta apatia,

passam as coisas, os homens,

os fatos, e deixam cargas e marcas

e a sensação, de ser tudo

simples e infinito.

Não há nada que me exclua

ou me distancie da engrenagem.

Sou partícula num todo

de massa, cinza, éter.

Mesmo deste parapeito inescrutável

(dirás?) e vital feito placenta,

habito um universo em que sou parte

e magicamente sou todo.

WALTER RIBEIRO.png

WALTER RIBEIRO é jornalista pela Fundação Cásper Líbero. Publicitário pela Faculdade Anhembi Morumbi. Cursos de especialização em Marketing de Relacionamento. Prêmio Colunista Projeto Rayovac. Autor de Manuais de Marketing Promocional/Vendas para Rayovac e Sebrae

Trecho de AQUELA MANHÃ DE TERÇA-FEIRA

 

TEATRO REALISTA

 

ATO I

Festa de aniversário de 60 anos de Raíssa Oriebir. Apenas vinte convidados mais íntimos. Um cachorro e quatro gatos. Vários presentes recebidos, entre eles a funilaria de um carro, presente este dado por seu amigo mecânico de muitos anos.

 

ATO 2

Manhã do dia seguinte, Raíssa passa todas as coisas do porta-malas do seu carro do dia a dia para o outro, mais antigo, que iria para a funilaria. Dentre essas coisas, misturou-se um sinalizador de barcos. Também colocou as roupas de uma das filhas, que iria mandar lavar fora. 

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